domingo, 9 de outubro de 2011

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Todo o processo que resulta na condição a que podemos chamar de paixão, contempla duas fases.
A vil e instantânea, resultado de uma projecção idealizada, e a crescente e inútil resultado da construção da primeira. Esta última, apesar de ser a mais duradoura é também a que menos trás à alma, e à arte. É vazia de sofrimento, sendo portanto inútil na criação perene e imortal do interior. A primeira por seu lado, infame e vazia de partilhas, é cultivada na auto-imaginação sendo portanto prejudicada pela segunda, e resultando na incapacidade de projectar a paixão no papel.
O recalcamento da segunda fase é a inteligência do artista. A vulgaridade da construção é vazia de detalhes de dor, sendo portanto inútil na criação. A construção segura, premeditada destrói a estética da dor, que deve ser experimentada e apreciada. Qualquer arte deverá ser cultivada na primeira fase.

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