quinta-feira, 30 de junho de 2011

181

Só hoje como se amanhã não houvesse. 
Nunca mais, um grito de desejo, um último beijo. 
Só hoje porque amanhã não existe.

terça-feira, 28 de junho de 2011

179

A tua voz, a minha escrita. A minha forma de ler e os teus lábios doces cheios de palavras novas para me ensinar. O medo das palavras antigas usadas tantas vezes sem sentido. A tua pele, o meu suor, os nossos corpos. Uma noite de inverno em pleno verão como desculpa para um abraço. Um até amanhã que dura demasiado e a saudade de te sentir de novo.

domingo, 26 de junho de 2011

177

Salta, pula e corre, o coração que tarda em chegar. 
Salta, pula e corre... salta, pula e corre... 
salta 
pula
corre
salta
pula 
corre

Bate, bate, bate sem ritmo ao som das tuas palavras. 

Não esquece, não esmorece.
Tenta, tenta outra vez.Pensa e não sabe como agir.

Não sei pular.

Tantas palavras em tão pouco tempo,tantos sentimentos em tanto tempo.
Chora,sorri mas não ri.

Por dentro corrói todos os dias mais um ... bocadinho.
Parede uma enorme parede que não sei saltar.

O problema?
Ser um muro que ama outro muro.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

175


Estas nuvens cinzentas não se dissipam. A chuva não pára de cair e o coração não pára de bater. A inevitabilidade da leveza do ser em dias tristes cercado pela cidade triste. Esses corpos que se arrastam pelas ruas inundadas de água e de desesperança. Essas rua que já não nos levam a lugar nenhum. Já não tem surpresas e já não fazem sentido porque não conduzem para o nosso encontro. Ensaio uns passos para circular, para te ocupar enquanto me ocupo na cidade triste.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

174

Uma vez mais me encontro sentada sobre as pedras do meu caminho, olhando indecisa. Sento-me, pois o peso que carrego às costas tornasse insuportável à medida que observo as escolhas que tenho de fazer. Sei que está na altura de deixar algum desse peso, para que possa abraçar o futuro que me é ainda tão escuro. Temo perder-me no momento em que avançar, pois sei não ser capaz de carregar o carro-de-linhas na viagem. Os conflitos surgem na minha bagagem, nenhum quer ficar pelo caminho. E ouço, esses seres gritantes que me tentam persuadir a continuar com eles. O caminho à frente promete nada além do meu passado reflectido de novo em mim. Enfrento uma verdade que não posso mais negar...

quarta-feira, 22 de junho de 2011

173

Há coisas que se sentem melhor quando mantemos os olhos fechados. Seria ideal se pudéssemos manter sempre os olhos fechados. Sonhar acordado com uma realidade que sabemos conscientemente não estar lá fora. O teu cheiro sabe-me melhor quando os olhos se fecham. As palavras que se deviam dizer soam melhor no silêncio que não precisamos de quebrar para entender o que se passa no espaço que resta entre os nossos corpos. De repente o escuro já não é tão assustador como sempre me pareceu. 

O escuro e a noite já não significam ficar sozinho. 

O medo já não é o desafio, o amanhã sim.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

171


Os terramotos sucedem-se todos os dias. Em cada gesto teu, em cada olhar, uma réplica abana o meu mundo. Não há uma escala, não há uma medida porque simplesmente há coisas que não se medem. Sentem-se em arrepios na pele e nas estranhas sensações nas entranhas do ser... seguimos e agitamos!

sábado, 18 de junho de 2011

169

La Strada, dos caminhos que fazemos para chegar a caminhos que raramente conhecemos. A busca de um desconhecido ser e de um final que não conseguimos controlar. No caminho perdemos a sensibilidade, o rumo de uma estrada sem destino. No fundo só nos queremos libertar dos paradoxos das nossas vivências quotidianas. La Strada um caminho para o infinito.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

166

Olhando para trás recordo os meus sonhos de criança e a força que ontem com o tempo e com a consciencialização do mundo se foi degradando e caindo aos pedaços. Onde existia um “castelo” de convicções, resistiam apenas fragmentos de um quadro de miúda de um mundo colorido. Foi ao encontra-te que de novo vi coelhos brancos e reencontrei o país das maravilhas.
E de novo esse mundo me escapava.
Existem tantos fantasmas no meu castelo que deixei que eles me tomassem.
Acredito em ti,
Porque cada vez que se me vens a memória o meu coração aquece e um vórtice de cores intensifica a minha visão.
Aprendi tanto contigo nestes últimos tempo, deste-me tanta força e fizeste me acreditar que é possível, que não há causas perdidas (só quando desistimos delas).
Tudo isto a somar ao novo mundo que a tua existência me trás e ao teu doce abraço que ilumina o que sou, o que sinto, e as distancias entre mim deixam de ser abismos.

terça-feira, 14 de junho de 2011

165


Triste por ver um passado não muito distante partir sem avisar. Mais triste não sei se pela partida ou pela falta de aviso. A vida foge-me debaixo dos pés como uma passadeira que rola em sentido contrário. Falta-me a visão para ver o futuro. Faltam-me as mãos para o construir. Não consigo estar sempre feliz. Não sei se aguento mais sorrir como se fosse natural e não houvesse memória de um ontem que se arruinou mal virei costas.

Vivo dentro de uma carapaça de mim. Este que aqui está já não sou eu faz muito tempo. Com as sucessivas partidas e desilusões também eu fui saindo aos poucos. Deixei um personagem tomar conta do meu quotidiano e agora ele vive quase em completo a minha vida. Deixei de ter mão em mim e não sei se consigo ou quero sequer recuperar. Precisava deste espaço que na verdade sempre foi demasiado pequeno para mim. Sinto-me a explodir no interior

domingo, 12 de junho de 2011

163

Estas nuvens cinzentas não se dissipam. A chuva não pára de cair e o coração não pára de bater. A inevitabilidade da leveza do ser em dias tristes cercado pela cidade triste. Esses corpos que se arrastam pelas ruas inundadas de água e de desesperança. Essas rua que já não nos levam a lugar nenhum. Já não tem surpresas e já não fazem sentido porque não conduzem para o nosso encontro. Ensaio uns passos para circular, para te ocupar enquanto me ocupo na cidade triste.

sábado, 11 de junho de 2011

162

São trapos, restos de frio e medo. Já não servem, já não aconchegam. Pedaços que já cumpriram o seu papel e são agora inúteis, pó. São pedaços que já aqueceram o corpo de um velho, mas que agora aquecem o coração de uma criança. São Bonecas de Trapos que já vestiram alguém!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

161


Os livros são meros papéis em que pintamos os nossos sentimentos. Nessa escrita a tinta tende a ser o sangue e as lágrimas que se estendem em palavras inundam linhas ainda por preencher. As folhas que tenho agora à minha frente parecem-me incapazes para receber os segredos que gostava de te murmurar no ouvido. Sinto-me sozinho no meio de tantas páginas perdidas que se levantam da mesa à mais pequena brisa que invade esta sala. Tenho medo de desiludir o deus em que não acredito, que me leve a força das mãos e não consiga suportar o peso da caneta. Odeio tudo isto mas não sei como o mudar. Irrita-me a impossibilidade do não uso das palavras, dos silêncios contidos e das palavras estranguladas entre respirações abruptas. Dói o rasgar do papel como se da minha pelo se tratasse. Não há segredo no amor que não seja segredo para ele mesmo. Não há segredos escondidos em livros nas prateleiras do tempo e nunca haverá quem o impeça. Gosto de passar os dedos pelo papel e sentir nele a tua pele, gosto do sabor das tuas palavras que estremecem nos lábios e dos sorrisos carregados de beijos que ainda não se soltaram. Gosto de ti assim porque é assim que as histórias rasgam as amarras do coração e correm para se deitarem nas frias páginas. No fim escrevo o teu nome e o meu e em seguida risco-o com toda a força e toda a tinta que consigo despejar de forma que não os consiga voltar a ver. Liberto-me da raiva do tentar não gostar e de saber que mesmo riscados os nomes permanecem lá.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

159

Nas gotas de chuva que ao caírem no chão fazem estremecer o mundo e nas valsas que não são dançadas pelos corpos que se amam mas se deixam ignorar. Nos desencontros de pessoas que se chocam todos os dias e nas alegrias que me trazem tristeza.

terça-feira, 7 de junho de 2011

158

Cada frase, cada palavra vem dos meus profundo medos. Cada declaração é como se dividisse a minha alma contigo. Cada lágrima, cada sorriso, é um pedaço do que sou. O meu maior medo é o de ser feliz nessa altura em que o sangue ferve.

domingo, 5 de junho de 2011

156

Observar os que me rodeiam relembra-me uma parte de mim, que não existe mais, mas que esteve tão perdida como muitas vezes eles estão. Entendo agora como o mundo me atinge, como os atinge. A sensação de fracasso é um sentimento com o qual já me habituei a conviver, mas ao qual me recuso capitular. Agarro as minhas convicções, os sonhos e as vontades e misturo com delírios. Se a vida é uma passagem, tenho de a valorizar. Se hoje é dia de lutar, tenho de subir mesmo que seja mais fácil descer. Sentir a incapacidade não me desilude, mas sim compõe-me. Da desilusão nasce a força de continuar em frente, e dai renasce a vontade de mudar o mundo.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

154

Deus criou a terra, por apenas se amar a si própria e a ideia de si projectada no homem.