quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
355
Seria tão
mais fácil que a palavra escrita gozasse de tanta frontalidade como as palavras
que dizemos olhos nos olhos. Não teríamos de ultrapassar aquele aperto de
barriga quando os dois corpos, próximos, tão próximos que por vezes se tocam.
Voluntária ou involuntariamente uma mão passa na outra, um toque no cabelo, na
face ou as pernas que se cruzam debaixo de uma qualquer mesa. Forçamos tantas
vezes esse toque ocasional. Tão ocasional e tão especial que tem um sabor de
vitória que se celebra solenemente numa solidão incompreendida porque a
situação é estranha e desconhecida. O deslumbramento ocasional com as situações
mais banais que chega a ser ridículo pelas formas que encontramos para encaixar
essa pessoa no nosso quotidiano.
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