domingo, 4 de dezembro de 2011

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DEIXAI TODA ESPERANÇA, VÓS QUE ENTRAIS EM TERRAS DE TORGA

"Quando eu me encontrava na metade do caminho da nossa vida, me vi perdido em uma selva escura, e a minha vida não mais seguia o caminho certo.” (Dante)

E foi nas margens de Estige que os vislumbrei pela primeira vez, filhos da prodigalidade.

Rio agora desses seres que esgravatam a terra à procura de Fortuna, pois não foram ainda capazes de compreender que ela gira autónoma e egoísta, e que apenas lhe resta a amargura de comer o pó eterno.

Não me sinto infeliz de nunca ter conhecidos essas sombras que sei habitarem a minha dimensão, alegro-me de nunca me ter juntado a elas.

Conheço bem as tentações tentaculares do sétimo canto, e apesar de por elas ter sido tocada, alegro- mede nunca as ter abraçado.

Carote avisou-me no inicio da minha jornada por terras de Torga que os bichos dominantes eram fuinhas. Mas eu não lido com os dominantes, lido com as suas crias alienadas. Alienadas por um poder que não lhes pertence, alimentadas pelo brilho e que como corvos voam em volta destes tristes e eternos comedores de pó.

A montanha esconde o que o sol não vê ao deitar-se, e aqueles que acham que o leito e os seus pertences representam a salvação, desenganem-se, pois na cama de Apolo dormita Beliel.

O sol nasce sempre do nosso lado, e assim seguimos por um caminho árduo e silvestre. Não vós aconselho a visitar hospitais, nem igrejas, visitai antes o vosso templo de Psique, reencontrai o equilíbrio Philia.


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