segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

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Partiste com a chegada da madrugada e para trás deixaste um corpo perdido numa imensidão de tempo, odores e toques que ficam marcados a fogo. Já não sinto o teu corpo no meu nem sequer resta parte dos teus cheiros mas a brisa da manhã traz-te até mim com a suave lentidão de odores que se espalham pelas ruas da cidade. Acordar, a cidade sente-se a acordar nos pormenores de uma visão ainda demasiado pura e inocente para ser corrompida pelo brilho da noite. É precisamente isso. Abrir os olhos só com o chegar do sol para um novo dia permite que continues a acreditar que ainda é possível que as pessoas digam “Bom dia!” todos os dias, que se levantem sorridentes com a possibilidade de viver mais um dia. Não é pelos candeeiros da rua que se vão apagando em linhas sucessivas até que o último se extinga até ao cair do dia mas também não pode ser pela luz que entra pelo quarto sem pedir licença. Há algo de diferente no dia de hoje e não sei se tu foste a culpada… certo é que hoje alguma coisa está diferente.

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