Partiste com a chegada da madrugada e para trás
deixaste um corpo perdido numa imensidão de tempo, odores e toques que ficam
marcados a fogo. Já não sinto o teu corpo no meu nem sequer resta parte dos
teus cheiros mas a brisa da manhã traz-te até mim com a suave lentidão de
odores que se espalham pelas ruas da cidade. Acordar, a cidade sente-se a
acordar nos pormenores de uma visão ainda demasiado pura e inocente para ser
corrompida pelo brilho da noite. É precisamente isso. Abrir os olhos só com o
chegar do sol para um novo dia permite que continues a acreditar que ainda é
possível que as pessoas digam “Bom dia!” todos os dias, que se levantem
sorridentes com a possibilidade de viver mais um dia. Não é pelos candeeiros da
rua que se vão apagando em linhas sucessivas até que o último se extinga até ao
cair do dia mas também não pode ser pela luz que entra pelo quarto sem pedir
licença. Há algo de diferente no dia de hoje e não sei se tu foste a culpada…
certo é que hoje alguma coisa está diferente.
Sem comentários:
Enviar um comentário