quarta-feira, 20 de julho de 2011

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«One can know a man from his laugh, and if you like a man's laugh before you know anything of him, you may confidently say that he is a good man.» Dostoyevsky

Desta noite como outra noite qualquer nasce um alguém ainda à espera de saber quem é. Desta noite como em tantas noites as árvores agitam ramos ao vento que passa, um casal troca um último beijo sem saber o que os espera no dia seguinte, um sem-abrigo continua a sua rota nocturna recheada de um quotidiano demasiadamente repetitivo e familiar. Nesta noite ao som desta brisa que faz com que uma janela bata de levezinho sempre que ali passa o sopro, uma mulher encolhe-se um pouco e procura o calor do seu companheiro. Esta noite como tantas outras nasceu de um dia em que pessoas trocaram olhares, em que pessoas trocaram sorrisos, em que pessoas deram as mãos. No fim desse dia algumas cruzaram os seus corpos em danças invisíveis, chegou-lhes a satisfação de um sorriso aberto que recebe em troca um olhar doce de uma menina de olhos grandes que é agora, no fim do dia, uma mulher. A noite depois do dia e o dia depois da noite vão continuar a sê-lo. Na noite há tantas histórias que vão ficar guardadas esquecidas nos paralelos de uma rua que não é minha. De dia algumas dessas histórias vão ser gravadas em papel, tinta despejada em desenho de letras que vão contar segredos. O barulho das folhas e o crepitar de quando mais uma página se vira vão ser o testemunho perpétuo de outras tantas histórias. Desta noite resta uma ideia - continuar. Escrever, descrever, ter prazer e dar prazer, sonhar, gostar, amar e contar aqui, para ti, para mim, para quem quiser ler e ouvir. Deixar palavras à solta em frases que nem sempre vão fazer sentido. Escrever porque é sempre mais simples deixar algumas verdades em papel.

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